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Entrevista
Doença renal crónica em jovens: prevenção, cuidados e o papel daqueles que os rodeiam

Doença renal crónica em jovens: prevenção, cuidados e o papel daqueles que os rodeiam

Por: Redação Vital Health

quinta-feira, 23 fevereiro 2023 12:41

Maria do Sameiro Faria, consultora em Nefrologia e subespecialista em Nefrologia Pediátrica, no Centro Materno Infantil do Norte/CMIN – Centro Hospitalar Universitário do Porto/CHUP, conversa com a Vital Health a propósito da consciencialização dos jovens para a Saúde dos rins, através de um conjunto de iniciativas. Leia a entrevista. 

 

Vital Health (VH) | Em que consistem o conjunto de iniciativas pensadas para a campanha “A vitória contra a doença renal começa na prevenção”?
Maria do Sameiro Faria (MSF) | “A vitória contra a doença renal começa na prevenção” é uma campanha nacional promovida pela ANADIAL, com o apoio das Sociedades Científicas e Associações de Doentes da área da Nefrologia, de consciencialização da população (em particular os mais jovens) sobre a doença renal e a importância da sua prevenção. Nesta iniciativa são de realçar ações formativas, ministradas por médicos e enfermeiros, em escolas básicas e secundárias. Pretende-se proporcionar aos jovens a oportunidade de aprender a cuidar da saúde dos seus rins com abordagem dum conjunto de medidas que vão contribuir para a melhor saúde renal para todos (vigiar o peso; ter uma alimentação saudável, redução do consumo de gorduras e de sal; aumento da ingestão de água; não fumar; fazer exercício físico; não beber álcool; não proceder a automedicação; avaliar a pressão arterial, o colesterol e a glicemia; fazer rastreios médicos regulares).
 
VH | Como classificaria o grau de literacia das crianças e jovens acerca da doença renal crónica?
MSF | Em Portugal nas crianças e jovens a literacia sobre a DRC tem vindo a progredir de forma favorável, mas existe ainda uma grande margem para melhoria. A divulgação continuada de informação que promova mais literacia em saúde é crucial para alcançar os melhores resultados em termos de tratamento e prevenção e para isso as soluções digitais atualmente existentes serão seguramente importantes.
 
VH | Qual pode ser o papel daqueles que rodeiam as crianças e jovens doentes?
MSF | A DRC avançada é pouco comum na criança, no entanto as crianças são particularmente vulneráveis às suas complicações. Além do aumento de mortalidade e morbilidade significativas é necessário atender a aspetos específicos como a nutrição, o crescimento, o desenvolvimento, a integração escolar, o suporte familiar e social motivando uma abordagem multidisciplinar.
 
Apesar da melhoria global da sobrevida verificada nas últimas décadas a terapêutica substitutiva da função renal em crianças, sobretudo as mais pequenas, permanece complexa com necessidade de equipas de médicos e enfermeiros com elevada experiência. O transplante renal afigura-se como a melhor alternativa de tratamento na faixa etária pediátrica.
 
VH | Quais os sinais indicativos de doença renal crónica em crianças e jovens?
MSF | Podem ser sinais de DRC nas crianças e jovens o déficit de crescimento e desenvolvimento, infeções urinárias, disfunção miccional, aparência anormal da urina, hipertensão arterial, edemas, anemia ou história familiar de doença renal. A presença de alterações na ecografia pré-natal permite frequentemente o diagnostico precoce de DRC associada a malformações congénitas dos rins e vias urinárias.
 
VH | Esta é uma doença que normalmente aparece entre que faixas etárias?
MSF | Nas crianças a etiologia da DRC é muito diferente do adulto. As anomalias congénitas dos rins e vias urinárias representam a principal causa, seguida pelas glomerulopatias e doenças hereditárias. Os significativos avanços no diagnóstico pré-natal e na abordagem genética têm permitido que o diagnóstico seja muito precoce, frequentemente pouco depois do nascimento em grande parte dos casos.
 
VH | Quais os tratamentos que as crianças e jovens têm à sua disposição para que na vida adulta venham a ter o menor risco complicações?
MSF | É necessário transmitir a noção de que muitas doenças renais na vida adulta são, na verdade, iniciadas na infância e que a identificação e intervenção precoce nos fatores de risco da DRC, como a prematuridade, as restrições de crescimento intrauterino, a hipertensão arterial, a obesidade, além de promoção de hábitos de vida saudável, poderão ter efeitos benéficos na prevenção ou pelo menos no atraso da progressão da doença renal crónica na vida adulta.

 

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