Apesar dos progressos conseguidos no seu tratamento, os ganhos verificados na sobrevida da maioria dos doentes, cinco anos após o diagnóstico, são escassos. Nos Estados Unidos, a taxa de sobrevida global aos cinco anos passou de 13% em 1975 para cerca de 18% em 2018. O prognóstico depende do estádio de evolução da doença na data em que é iniciado o tratamento e a maioria dos diagnósticos são obtidos em fases avançadas da doença. Nestes casos a taxa de sobrevida aos cinco anos varia entre os zero e os 36%. Contudo, os doentes diagnosticados durante o primeiro estádio clínico da doença têm uma probabilidade de mais de 90% de estarem vivos passados esses cinco anos.
O conhecimento atual sobre as causas do cancro do pulmão, as capacidades disponíveis para o seu tratamento conforme o estádio da doença ao diagnóstico e as possibilidades existentes de realizarmos diagnósticos em estádios mais precoces permitem-nos afirmar que podemos alterar muito o cenário atual e que não estamos, de facto, a orientar os esforços no combate à doença na direção certa. É necessário investir muito mais em duas áreas fundamentais: na prevenção e no diagnóstico precoce do cancro do pulmão. Podemos parar o cancro do pulmão antes de ele aparecer e, quando isso não for possível, temos de o diagnosticar antes de adquirir dimensões que impeçam a sua cura.
Mais de 80% dos doentes com cancro do pulmão são fumadores ou ex-fumadores. O hábito de fumar e a exposição ao fumo ambiental é o principal fator de risco associado ao desenvolvimento de cancro no pulmão e este risco pode ser significativamente diminuído pela mudança de hábitos. A doença pode ser evitada numa enorme parcela dos casos com a redução do consumo ou da exposição ao tabaco. Em Portugal, cerca de dois milhões de pessoas são fumadoras (perto de 1.33 milhões são homens e 680 mil são mulheres).
Existem ainda outros fatores de risco conhecidos que devem ser objeto de medidas de controlo específico: poluição atmosférica (fumos de escape diesel); exposição profissional (asbestos, pó de madeiras, vapores de soldagem, arsénico e metais industriais como o Berílio e o Crómio) e a poluição indoor (rádon e fumo do carvão).