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Opinião
Edulcorantes para todos

Edulcorantes para todos

Por: Flora Correia, nutricionista, Serviço de Endocrinologia do Hospital de São João do Porto

quinta-feira, 04 julho 2013 09:52

A utilização do açúcar na alimentação tem vindo a ser questionada desde os anos 80 do século passado. A crescente discussão em torno deste tema tem gerado um aumento de produtos alimentares em que o açúcar é substituído por outros edulcorantes. Sendo o sabor doce um desejo inato no ser humano, é curioso referir que, desde os anos 60, os substitutos do açúcar, nomeadamente os edulcorantes ou adoçantes (por facilidade de discurso, serão referidos como edulcorantes ou adoçantes outros que não o açúcar), têm sido objeto de muitas polémicas, em especial no que respeita à segurança para o ser humano.

 

 


Os edulcorantes de mesa são maioritariamente consumidos por diabéticos, por obesos e por pessoas que pretendem restringir o aporte energético na sua alimentação.


Perante uma solicitação para falar sobre "Edulcorantes para todos", é de referir que haverá provavelmente grupos de risco em que o consumo destes produtos possa ocorrer de forma não intencional. Dada a escassez de estudos em certos subgrupos populacionais, deve sempre recomendar-se a análise cuidada dos rótulos, evitando assim uma utilização excessiva.


A legislação europeia (Diretiva 94/35) e a nacional (Decreto-lei n.º 394/98) referem que os edulcorantes (salvo em disposição contrária) não podem ser utilizados em produtos alimentares destinados a crianças e lactentes. Para a mulher grávida não existe consenso na bibliografia, havendo alguns estudos que referem como inofensivo o uso de edulcorantes não nutritivos, mas outros cujos resultados alertam para a sua potencial perigosidade.


No que respeita a um dos maiores grupos de utilizadores, os diabéticos, estes produtos parecem ter um papel importante, promovendo maior palatibilidade e sabor doce, sendo possível o doente diabético incrementar o prazer sensorial associado à alimentação com a utilização destes produtos.


Existem vários edulcorantes que conferem doçura aos alimentos à custa de menos energia que o açúcar. Os mais usados são substâncias que, por serem muito mais doces que o açúcar, necessitam de ser utilizadas em muito menor quantidade que este. São exemplo destes edulcorantes: a sacarina, o aspartame, o acesulfame K e o ciclamato.


Outro grupo de edulcorantes muito utilizados é o dos polióis, que contêm menor valor energético que a generalidade dos glícidos. A este subgrupo pertencem, entre outros, o sorbitol, o manitol e o xilitol. Podem ser utilizados em bolachas, pastilhas elásticas ou outros alimentos que apresentam sabor doce, mas nos quais se pretende não utilizar sacarose ou outros açúcares simples. No entanto, é importante ter em conta possíveis efeitos secundários: o consumo excessivo de polióis pode ter efeito laxante.


Serão abordadas vantagens e desvantagens de alguns edulcorantes, após o que será de realçar que os géneros alimentícios onde estes estão incorporados podem conter, e muitas vezes contêm, outro tipo de glícidos, mesmo que de boas características nutricionais (como é o caso do amido). Isto significa que, tal como as pessoas sem diabetes, o diabético deve ter em mente que o facto de o sabor doce de um alimento ter origem num edulcorante em substituição dos açúcares "tradicionais" não significa que possa ser consumido livremente.


Será importante esclarecer também a designação "light", que muitas pessoas consideram ainda sinónimo de "pode consumir-se à vontade", o que não é de todo verdade. Este tipo de alegação nutricional significa que o produto alimentar em questão sofreu uma redução em alguns nutrientes, o que não significa que se tenha tornado inócuo. Por mais que a indústria alimentar amplie as escolhas possíveis, as regras de uma alimentação adequada mantêm-se primordiais!

 

Flora Correia, nutricionista, Serviço de Endocrinologia do Hospital de São João do Porto

 

Texto publicado no Jornal das 5as Jornadas Nortenhas de Diabetologia Prática em Medicina Familiar, 28 e 29 de junho de 2013

 

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