De acordo com Cláudia Vieira, presidente da Associação, em causa está a falta de igualdade entre as classes sociais: “Os partidos de esquerda dizem que todos devem ter os mesmos direitos e que ninguém deve deixar de ter acesso a algo essencial – como a saúde – pelo facto de não ter possibilidades financeiras. Mas, afinal, o que estão a fazer é com que apenas as famílias de classes sociais mais elevadas possam continuar a perseguir o sonho de serem pais?”.
A alteração da comparticipação de três para cinco ciclos de tratamento por casal significaria uma nova esperança na vida de muitos casais, uma vez que muitos são obrigados a desistir do sonho de serem pais, caso não conseguirem alcançar uma gravidez nos primeiros três ciclos. No setor privado, os tratamentos oscilam entre os cinco mil e os oito mil euros, por ciclo, um valor incomportável para os casais. “A própria ciência diz-nos que a acumulação de ciclos de tratamento aumenta exponencialmente as taxas de sucesso, ou seja, não havia nenhum motivo para não se avançar com esta proposta (principalmente num ano em que o OE para o Ministério da Saúde é o maior de sempre)”, lê-se no comunicado de imprensa.
Citada em comunicado de imprensa, a presidente da APFertilidade nota que a decisão é particularmente “chocante”, tendo em conta que os partidos de esquerda já terem referido, em reuniões anteriores, que a medida deveria avançar para travar “uma grande injustiça social”.