A Organização Mundial de Saúde (OMS) revelou, num relatório recente, que entre 2002 e 2014 os países estagnaram no combate à obesidade. Ainda assim, a doença causa um impacto, não só na qualidade de vida, mas também na morbilidade, com o desenvolvimento de problemas de saúde associados – diabetes mellitus tipo 2, hipertensão arterial, dislipidemia, doenças metabólicas, respiratórias, cardiovasculares e ósseas, alguns tipos de cancro e uma mortalidade aumentada.
No âmbito do Dia Nacional e Europeu da Luta Contra a Obesidade, que se celebrou neste sábado, dia 19 de maio, a presidente da SPEO, Paula Freitas, refere que “com o aumento da incidência da obesidade há uma clara necessidade para que Portugal comece a fazer mais e melhor!”
“Ainda há muito espaço para se melhorar o acompanhamento destes doentes no que diz respeito a um diagnóstico mais atempado e reencaminhamento dentro do sistema de saúde, na promoção de uma melhor educação para a saúde e gestão correta da perda de peso, mas também como evitar o reganho ponderal”, acrescenta.
A especialista fala, por isso, em “deficiências” e na “necessidade de uma reestruturação dos programas de tratamentos existentes no nosso país”. “O Serviço Nacional de Saúde (SNS) pouco fez para melhorar o acesso aos tratamentos dos portugueses, especialmente no que diz respeito aos novos fármacos, disponíveis em Portugal, mas sem qualquer apoio do Estado na sua comparticipação, o que faz com que existam graves lacunas na acessibilidade”, refere.
Para além das implicações ao nível da saúde dos próprios doentes, a obesidade resulta em elevados custos aos sistemas de saúde, “desde o tratamento das multipatologias, como é o caso do cancro ou doenças respiratórias e cardiovasculares e diabetes, que são as áreas em que mais se gasta em saúde em Portugal, aos custos diretos, que se estimam em cerca de 59 milhões de euros, com tratamentos, cirurgias e internamentos, para além dos custos indiretos relacionados com o absentismo laboral” acrescenta a representante da SPEO.
O excesso de peso e a obesidade estão associados a um maior risco de desenvolvimento de diferentes tipos de cancro, podendo ser eles hormono-dependentes (endométrio, ovário, mama, colo útero, próstata) e gastrointestinais (colo-rectal, vesícula biliar, pâncreas, fígado).
“As entidades de saúde e sociedade civil necessitam de trabalhar em conjunto com as sociedades médicas, especialistas de várias áreas do conhecimento e associações de doentes para encetar programas de prevenção, diagnóstico e tratamento da obesidade para todas as faixas etárias, a implementar nos cuidados primários. Portugal foi o primeiro país da Europa a reconhecer a obesidade enquanto doença e seria excecional se nos conseguíssemos manter na linha da frente como modelo europeu ou mundial a seguir. A SPEO está aberta para colaborar”, assegura Paula Freitas.