Segundo o especialista, o aumento da adiposidade, sobretudo com localização abdominal, induz um conjunto variado de mudanças favorecedoras de alterações metabólicas: "As células do tecido adiposo abdominal sintetizam hormonas e outros produtos (citocinas) com efeito nefasto a nível do metabolismo dos hidratos de carbono", explica. Por outro lado, acrescenta, "o excesso de adiposidade abdominal está associado à diminuição de uma adipocina com propriedades antidiabéticas, a adiponectina".
De acordo com o médico, "apesar do conhecimento generalizado dos malefícios da obesidade sobre a saúde individual, muitos doentes não sabem como resolver o problema do excesso ponderal". Além disso, "no presente, existe uma escassez de armas terapêuticas farmacológicas para tratamento da obesidade".
José Silva Nunes considera que para o tratamento desta patologia era muito importante a possibilidade de existência de equipas multidisciplinares nos cuidados de saúde primários que incluíssem dietistas ou nutricionistas e psicólogos ou psiquiatras.
"Face à limitação na abordagem terapêutica desta patologia, a chave está na prevenção. Os médicos de MGF encontram-se estrategicamente posicionados para poder atuar, preventivamente, dentro das famílias em que o risco de desenvolvimento de obesidade seja mais pronunciado", menciona.
A prevalência da obesidade em Portugal ultrapassa os 15% da população adulta e na perspetiva deste especialista a implementação da atividade física, a correção de eventuais erros alimentares e a consequente redução do excesso ponderal constituem as principais armas terapêuticas para evitar a progressão de obesidade para diabetes tipo 2. Até porque "um indivíduo com diabetes tipo 2 que também apresente excesso ponderal (como acontece em cerca de 80 a 90% das pessoas com diabetes) apresenta um risco cardiovascular muito mais marcado."
Texto publicado no Jornal Médico, N.º 3, maio 2013