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Saúde
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Consumo de álcool na gravidez afeta funcionamento do rim da criança anos depois

Por: Redação Vital Health

terça-feira, 18 fevereiro 2020 10:17
O consumo de álcool durante a gravidez afeta de forma negativa o funcionamento do rim das crianças alguns anos após o nascimento, havendo uma associação significativa nas crianças que, durante a infância, apresentam excesso de peso ou obesidade. Os dados foram revelados num estudo desenvolvido no âmbito da Unidade de Investigação em Epidemiologia (EPIUnit) do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto (ISPUP), publicado na revista Pediatric Nephrology.
 
“Sabíamos, através de modelos animais, que o consumo de álcool durante a gravidez afeta o desenvolvimento do rim do feto, levando a uma diminuição no número total de nefrónios, a unidade funcional do rim. Contudo, faltavam estudos que mostrassem esta associação em humanos e, com este trabalho, conseguimos fazê-lo”, esclarece Liane Correia Costa, primeira autora do trabalho, coordenado por Ana Azevedo.
 
O artigo procurou explorar a possibilidade de existirem fatores relacionados com a criança que pudessem influenciar a associação entre a ingestão de álcool na gravidez e o mau funcionamento renal, concluindo que a relação é mais forte e significativa nas crianças com excesso de peso ou obesidade.
 
“As crianças que foram expostas ao álcool ainda no útero materno têm um menor número de nefrónios, as unidades funcionais que filtram o sangue no rim. Estas crianças, que já têm um número de nefrónios inferior, se desenvolverem excesso de peso ao longo da infância, ou mais tarde, vão sobrecarregar ainda mais os seus rins, que vão ter de filtrar um maior volume de sangue, correspondente à maior massa corporal destes meninos. Esta sobrecarga de filtração que é imposta ao rim, a longo-prazo, condiciona alterações renais e conduz ao seu mau funcionamento”, acrescenta a investigadora.
 
Foram analisados dados relativos ao funcionamento renal de 1093 crianças, com 7 anos de idade, da coorte Geração XXI, utilizando informação sobre o consumo reportado de álcool por parte da mãe, como o tipo de bebida, quantidade e frequência da ingestão. O Geração XXI trata-se de um estudo longitudinal que segue, desde 2005, cerca de 86 mil participantes que nasceram nas maternidades públicas da Área Metropolitana do Porto, bem como as suas famílias.
 
O trabalho concluiu que 13% das mães das crianças participantes no estudo consumiram álcool durante a gravidez, verificando-se que o efeito negativo no rim da criança aumenta quanto maior for a quantidade de álcool ingerida. Liane Correia Costa recomenda que o consumo de álcool deve ser evitado, tendo em conta os resultados.
 
“O álcool interfere com a formação dos nefrónios e atua como um fator de vulnerabilidade no funcionamento do rim. Quando a este fator acresce a presença de excesso de peso na criança, o risco de evolução para doença renal crónica é significativamente superior. Desta forma, o reconhecimento do álcool como um fator de risco potencialmente modificável durante a gravidez, deve colocar em marcha um reforço das estratégias para a sensibilização da população para estes riscos. Além disso, é importante apostar em estratégias que visem prevenir o excesso de peso e a obesidade em idade pediátrica”, conclui.
 

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