“Numa primeira análise, constata-se que ocorreram mais óbitos (+3.7%), no entanto, os mesmo ocorreram mais tarde: a idade média do óbito foi de 78,5 anos, mais elevada que no ano anterior (78,2 anos). É certo que as doenças do aparelho circulatório continuam a dominar as causas de morte, registando-se um aumento global de 1,7% valor que corresponde a 29% de todas as causas de morte (número absoluto de mortes por doença do aparelho circulatório: 32936)”, sublinha Victor Gil, presidente da SPC.
A taxa de mortalidade por doenças do aparelho circulatório foi de 318,3 por 100 mil habitantes. Este é o valor mais elevado desde 2008, ainda que com uma diminuição da proporção em relação ao total de mortes (32,3% em 2008) e da mortalidade prematura (antes dos 70 anos), resultando uma descida 11,2 para 10,3 do número de anos potenciais de vida perdidos. Na última década, verifica-se uma estagnação nas taxas de mortalidade por doenças cardiovasculares, ainda que com alguma tendência para subida lenta desde 2013.
“Relativamente à situação clínica individualizada, o acidente vascular cerebral (AVC) é a primeira causa de morte em Portugal (9,9% do total de mortes, com taxa bruta de mortalidade de 108,8 por 100 mil habitantes), no entanto, importa ressalvar que tem sido registada uma redução gradual na última década (em 2008: 13,9%), acrescenta o responsável.
A análise aos dados do enfarte do miocárdio concluiu que, em 2008, a patologia correspondia a 5% de todas as mortes. Esta percentagem baixou até 2015, mantendo-se nos 4.1%. O número de óbitos por enfarte do miocárdio (4620) aumentou em 2018 mais 1.7% em relação ao ano anterior, ainda que com ligeira diminuição do número absoluto de mortes antes dos 65 anos (854 em 2017, para 822 em 2018). A mortalidade por enfarte do miocárdio continua a atingir preferencialmente os homens, sendo a idade média do óbito nas mulheres 7.8 anos mais tarde que nos homens (81.4 anos nas mulheres e 73.6 anos para os homens).
“A chamada doença isquémica do coração, provocou 6,4% do total da mortalidade. Esta entidade é, todavia, de mais difícil análise pois deve incluir situações heterogéneas incluindo insuficiência cardíaca que, como entidade, não tem até agora, representação estatística”, salienta o presidente.
Victor Gil acrescenta ainda que “os dados agora apresentados estão em linha com outras análises, nomeadamente a efetuada pela SPC com base no ATLAS 2, onde foram comparados os números portugueses com países europeus e na vizinhança da Europa. Nessa análise foi sublinhada a elevada mortalidade por AVC e a baixa mortalidade por doença coronária, em relação aos países comparadores”.
“A mortalidade cardiovascular continua a dominar as causas de morte em Portugal e dentro dela é o AVC a primeira causa de morte. A mortalidade por enfarte do miocárdio mantém-se em patamar”, conclui.