“Face à situação excecional que se vive e ao aumento de casos registados de contágio de covid-19, bem como à aplicação de medidas extraordinárias para prevenir a transmissão do vírus, é verdade que a pandemia implica uma medicina de catástrofe. Mas não se pode desleixar a principal causa de morte e de incapacidade em Portugal”, refere a entidade.
A associação realça as preocupações dos sobreviventes de AVC perante a interrupção prolongada das terapias, entre elas fisioterapia, terapia ocupacional, terapia da fala, entre outras, “que em muitos dos casos terá consequências não reversíveis, o que quer dizer condenar a uma maior degradação da funcionalidade e da qualidade de vida”.
Também a dificuldade em manter uma atividade física regular e o maior isolamento a que estão expostos podem criar ou agravar complicações do foro psicológico, acrescenta.
“Sabemos que os aspetos focados podem ser, para os sobreviventes de AVC, o equivalente a falta de medicamentos noutras doenças. Desta forma, a sua privação é particularmente significativa”, explica António Conceição, presidente da associação.
O responsável continua: “É urgente que estratégias alternativas sejam ponderadas para o sobrevivente de AVC. Apelamos às autoridades de saúde para que as limitações sejam apenas as essenciais no atual quadro”.
A Portugal AVC chama também a atenção para a importância da Via Verde, afirmando ser “essencial que se mantenha plenamente funcionante, pelo seu enorme impacto na recuperação da funcionalidade e na diminuição da mortalidade”. O presidente da associação relembra que, “mesmo no período de exceção que vivemos, deve de imediato ligar para o 112, quando acontece” um episódio de AVC.
O acidente vascular cerebral, com cerca de 25 mil episódios de internamento por ano, é a maior causa de incapacidade em Portugal, atingindo todas as idades e géneros. Entre as múltiplas sequelas possíveis estão as físicas e motoras, mais visíveis, mas também as consequências na capacidade de comunicação, no campo cognitivo, psicológico, de visão, entre outros.
A Portugal AVC tem divulgado na sua página do Facebook (@PT.AVC) e no site (www.portugalavc.pt) várias formas de os sobreviventes aproveitarem todas as oportunidades para fazerem exercício e adotarem hábitos de uma vida o mais possível ativa, sem sair de casa.
Assinalando o Dia Nacional do Doente com AVC, a associação pretende também demonstrar que há vida após o AVC, “sendo essencial que, cada vez mais, se olhe para o sobrevivente, e se favoreça uma maior e melhor integração familiar, social e profissional”, conclui.