Com especificidade na diabetes tipo 1, as propostas em discussão que partiram de duas petições recolheram em conjunto cerca de 20 mil assinaturas. As iniciativas vão desde a criação de um registo nacional da diabetes tipo 1, um projeto de resolução do PS que partiu de uma proposta da APDP e que serve para construir uma estratégia de apoio às pessoas com diabetes tipo 1, com real impacto nas suas vidas. Assim como o alargamento da comparticipação das bombas de insulina a pessoas com diabetes tipo 1 com mais de 18 anos, com quatro projetos de resolução (BE, PAN, PEV e CDS), uma petição que partiu de Sérgio Silva, do grupo DiabéT1cos, apoiada pela APDP e pela Associação Mellitus Criança.
“As pessoas com diabetes requerem apoio em diferentes frentes e a comparticipação das bombas de insulina não é exceção. Neste momento a aquisição deste produto a nível nacional é reduzida e condiciona a escolha destes dispositivos por parte dos utentes, contrariamente ao que acontece internacionalmente. Com esta medida será possível alargar o acesso dos adultos com diabetes tipo 1 a um dispositivo que permite um melhor controlo da doença, reduzindo complicações presentes e futuras e garantindo uma melhor qualidade de vida” destaca João Filipe Raposo, diretor clínico da APDP.
“A diabetes afeta mais de um milhão de portugueses, dos quais 56% já diagnosticados e 44% ainda por diagnosticar. Face a estes números os custos com a diabetes são elevados e, em 2018, o impacto direto foi estimado entre 1.300 e 1.550 milhões de euros, o que representa 0,6 a 0,8% do PIB português, representando ainda 8% da despesa em saúde em 2018. Note-se que a maioria destes custos são das complicações e das descompensações, que são possíveis de prevenir e tratáveis. Estes projetos são assim um caminho para que todas as pessoas com diabetes tenham acesso aos cuidados necessários sem custos incapacitantes ou seja à sua proteção e bem-estar”, refere José Manuel Boavida, presidente da APDP.
Para dar resposta a estas necessidades, um dos projetos que estará em discussão amanhã respeita o reforço dos cuidados ao doente com diabetes, um projeto resolução do PCP. Esta proposta apela a que o governo tenha em conta as várias frentes na área da diabetes que visem a colocação de dispositivos PSCI, para todas as equipas multidisciplinares da diabetes no adulto, os cuidados a ter na área da retinopatia diabética, cuidados oftalmológicos e a importância de rastreio e tratamento do pé diabético.
Por fim, está ainda em cima da mesa a bonificação, por deficiência, do abono de família para que volte a ser atribuído a crianças e jovens até aos 24 anos, independentemente de serem portadores de deficiências incapacitantes ou não incapacitantes, como a diabetes. Um projeto lei da Iniciativa Liberal e que partiu de uma proposta da associação no âmbito da discussão sobre o Orçamento de Estado, procurando repor uma situação que estava em vigor até 2019 e que foi retirada sem qualquer aviso, discussão ou sequer justificação. “Um erro e um mau sinal para os jovens que tão penosamente se tratam diariamente, 24 sobre 24 horas, e que tanto apoio e motivação necessitam para poderem ter uma vida livre de consequências da sua diabetes” afirma José Manuel Boavida.