Os linfócitos B (ou células B) são células do sistema imunitário com uma dupla função: produzem anticorpos contra os agentes causadores de doenças e participam na regulação da resposta imunitária através da interação com outras células. No entanto, quando sofrem mutações genéticas as suas funções podem ser afetadas, passando os linfócitos B a ter um papel importante no agravamento da doença.
A equipa focou-se no estudo da mutação do gene LRRK2 (envolvida na comunicação dos linfócitos B e com outras células), encontrada em pacientes com a doença de Parkinson.
Numa primeira fase, através da análise de amostras de sangue de doentes de Parkinson, com e sem a mutação, e de voluntários saudáveis, descobriu-se que "a mutação parece estimular a morte precoce das células B, dificultando a sua comunicação com outras células do sistema imunitário. Verificámos também que a mutação do gene faz com que as células B produzam anticorpos auto-reativos contra uma proteína do sistema nervoso central – a alfa-sinucleína (proteína que ajuda na estabilização estrutural dos neurónios), tornando as estruturas do sistema nervoso como alvos a abater", afirma Margarida Carneiro, coordenadora do estudo, citada no comunicado.
Conforme é explicado no documento enviado pela UC, sabendo que, ao ser mutado, o gene "comandante" (LRRK2) da "cascata" de sinalização de informação nos linfócitos B fica hiperativo e envia excesso de sinais, provocando uma reação desmedida em cadeia, a equipa vai agora tentar perceber como se processa este "curto-circuito", com o "objetivo de encontrar uma forma de bloquear a sinalização em excesso e evitar a destruição indiscriminada de células do sistema nervoso porque, ao produzir demasiadas células auto-reativas, o sistema imunitário fica desregulado".
Em suma, a mutação das LRRK2 "afeta um conjunto de células e os linfócitos B deixam de cumprir a sua missão, passando a contribuir para a destruição do cérebro. Ao entender como tudo se passa, podemos avançar para o desenvolvimento de terapias capazes de destruir os linfócitos desregulados, permitindo, assim, desacelerar a progressão da doença de Parkinson", explica a investigadora.